Visual da Livina é mais atual que o da Meriva, que já completou sete anos no mercado brasileiro
Interior do modelo da Nissan é baseado no do Tiida
Vamos falar de minivans. Mas, calma: essas são das boas, não apenas para o seu bolso, mas para a família toda. Conseguem ser espaçosas e econômicas e tudo por um preço animador se comparadas à maioria dos modelos do segmento, que costumavam ser equipados apenas com motores maiores e que faziam visitas freqüentes aos postos de gasolina até pouco tempo. De quebra, ainda não chegam a decepcionar quando o pé direito fica mais pesado, dando conta do recado em viagens e se esquivando dos obstáculos do trânsito cotidiano. Para desafiar a recém-chegada
Livina 1.6 (R$ 46.690, básica), chamamos a
Idea (R$ 43.016) e a
Meriva (R$ 43.549), ambas com motores 1.4, mas apenas a última pode comparecer. E a briga foi boa desde que as duas se encontraram no estacionamento da editora.
Já se passaram mais de sete anos que o modelo da
GM começou a ser vendido. E apenas em meados de setembro do ano passado recebeu o motor 1.4 EconoFlex, o grande trunfo da
Meriva nesse comparativo, além do preço um pouco mais em conta. Mas esses dois atributos não foram suficientes para tirar a vitória da novata da
Nissan, que conta com um conjunto mais moderno e equilibrado, além de ser mais confortável e um pouco mais ágil graças ao motor 1.6 16V, herdado da
Renault. O detalhe é que, apesar de ter se saído melhor que a rival da
GM, a
Livina ainda conta com uma rede de concessionários bem menor. Por enquanto são apenas 68 pontos espalhados pelo país, volume que deve chegar a 80 até o fim do ano. Em compensação, a
Nissan aposta nas revisões com preço fechado para transmitir confiança.
Na versão 2010, a minivan da GM tem apenas lanternas com acabamento cromado entre as únicas diferenças
De qualquer forma, a
Livina chega como uma opção interessante e com um ar de novidade num segmento que estava ficando esquecido. Logo de cara, o carro agrada por dar a sensação de que você está ao volante de um hatch ou sedã, ao contrário da
Meriva, que tem posição de dirigir mais alta, até mais do que deveria, o que atrapalha um pouco na hora de alcançar a alavanca de câmbio. Pena que faltou regulagem de altura dos bancos na
Livina. Mesmo assim, ainda é melhor do que trocar de marcha quase nas pontas dos dedos no modelo da
GM. E os engates do
Nissan são mais precisos, com uma alavanca bem estilosa, que não faria feio em algo mais divertido, como um cupê ou sedã. Já na manobra para tirar o carro da garagem, a
Livina conquista pela leveza da direção com assistência elétrica, mais precisa que a hidráulica da
Meriva. Rodando por aí em dias chuvosos, como o que enfrentamos na semana que avaliamos o carro, o temporizador regulável do limpador de para-brisa do
Nissan é outro ponto a favor da
Livina.
Por ser mais baixa, minivan da Nissan transmite mais segurança nas curvas
Tanquinho fica próximo do para-brisa
Não espere encontrar o silêncio de muitos modelos familiares nessas duas minivans. Ambas não fazem cerimônia em falar alto. A menos discreta é a
Livina, mas compensa essa falta de discrição com um desempenho um pouco melhor, ajudada pelo motor 1.6 de 16 válvulas, que rende 108 cavalos com álcool, apenas 3 cv da menos que o 1.4 da
GM consegue transmitir para as rodas da frente. Acelere e se surpreenda com o desempenho dessas duas que têm apenas caras de inocentes. Vai ficar mais surpreso a bordo da Livina, que tem 10,7 kg/cv de relação peso potência, boa marca para um carro de forte apelo familiar e melhor que os 11,9 kg/cv da Meriva. Isso acaba refletindo em uma certa agilidade nas ultrapassagens. Além disso, com centro de gravidade um pouco mais baixo, o
Nissan consegue transmitir mais segurança nas curvas, mesmo com os borrachudos pneus 185/70R 14 da versão básica, trocados por outros 185/65R 15 no caso da SL, mais equipada. A
GM diz que a Meriva atinge 173 km/h e acelera de 0 a 100km/h em 13,1 segundos e a Nissan não divulga números de desempenho.
Mas é no dia-a-dia que aparece a maior diferença de dirigir o
Nissan e o
GM. O primeiro é mais confortável, por absorver melhor as irregularidades do piso sem ser um “joão bobo” em trechos sinuosos. No Meriva o jogo é duro. Na buraqueira das ruas de São Paulo, fica fácil se cansar com um pula-pula que não é brincadeira. Faltou um acerto mais voltado para o conforto. Além disso, em dias de baixa temperatura, o bom motor 1.4 da
GM economiza gasolina do sistema de partida a frio, injetando o combustível apenas abaixo de 8°C e girando mais do que o normal até pegar para esquentar a câmara de combustão, o que exige dois cuidados principais: abastecer o tanquinho com gasolina aditivada ou podium (que duram mais) e manter a saúde da bateria sempre em dia. Na
Livina, o senão é que o bocal do reservatório de gasolina fica próximo do para-brisa, o que exige cuidado para não manchar o capô com gasolina. E no quesito praticidade, o modelo da
Nissan leva vantagem pelo porta-malas maior sem precisar rebater os encostos do banco traseiro. São 449 litros, ante 340 da rival da
GM. Reúna a família e boa viagem.
Interior do Nissan mostra ter melhor acabamento que o do Chevrolet